quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Crônica - O Popular - 7 de maio de 2012

Moral da estória
Bariani Ortencio
Esta é uma fábula chula, sem malícia, contendo quatro ensinamentos capitais. E quando se aprende não importa o método, com ou sem malícia. 
     É a triste estória de um bentevi que saiu do gostoso clima tropical de Goiânia e voou para o inverno do Rio Grande do Sul, para reunir com os seus pais bentevis na Lagoa dos Patos.
    A narrativa começa com uma viagem de turismo que um casal gaúcho de bentevis fez ao Rio de Janeiro. Resolveram visitar novas capitais e se hospedaram numa galhada no Bosque dos Buritis, aqui em Goiânia. Gostaram do lugar e resolveram fazer o ninho para uma temporada e como comeram bastante do afrodisíaco piqui, a bentevi botou dois ovinhos, que resultaram em dois filhotes. Os pais precisavam regressar, pois deixaram o resto da família pelos bosques da Lagoa dos Patos. Assim que os pequerruchos deram conta de se-virar, depois de muitas recomendações, inclusive que os esperavam em casa, no Sul, partiram.
     Um dos filhotes arranjou uma namorada e não quis ir juntar-se à família. Mas o outro, jovem e robusto, espírito aventureiro, completamente empenado, com aquelas peninhas lindas dos bentevis, amarelas, azuis e negras, despediu-se do irmão e da cunhada e partiu, seguro, pois o rumo dos pássaros está a cargo do instinto.
    Mas ele não sabia que era inverno no Sul. Assim que entrou no Paraná as suas asas foram esfriando, esfriando, e não chegou a atravessar Santa Catarina, pois o peso do gelo nas asas o tombou numa pastagem de muitos bois e de muitas vacas.
     Caído, exausto, ali naquele chão frio, quando pensou que iria morrer congelado, uma bendita vaca deu-lhe uma tremenda estrumada, que o cobriu todo com aquela coisa fumacenta, quente, que lhe restituiu a vida, deixando-o com o biquinho de fora, respirando, todo contente. Ficou tão alegre que começou a cantar. E cantou tanto, e tão maviosamente cantava: hi-hi-him...him... bem te vi ! bem te vi!, que um enorme gato, um gato exótico, daqueles que não existem, de três cores, achou que alguém estava denunciando-o, ali no curral, perto de um poleiro de pombas, e resolveu procurar, saber onde se encontrava o denunciante.
     Remexendo o monte de estrume, achou o passarinho canoro, retirou-o de lá e o comeu. Sabe lá o que é uma carninha quentinha num frio desgraçado como é o frio do Sul?  
     Esta fábula, pois são nas fábulas que os animais falam, “apologamente”, têm quatro lições, quatro MORAL DA ESTÓRIA:
     Primeiro – Nem sempre aquele que nos põe na merda é nosso inimigo.
     Segundo – Nem sempre quem nos tira da merda é nosso amigo.
     Terceiro – Quando você se sentir quentinho e confortável, mesmo que seja num monte de merda, conserve bico calado.
    Quarto – Quem está na merda não canta.
     Macktub!
  

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