quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Visita da Folia de Reis Malhador ao ICEBO, entrega das camisas aos novos foliões....

CONVITE

Folia de Reis - Bariani Ortencio - 2012

FOLIA DE REIS

Folias são grupos de pessoas que percorrem as casa das fazendas ou as dos bairros na cidade, angariando donativos para a festa, sendo dinheiro para o custeio (despesas) e prendas (animais, mantimentos e objetos) para o leilão, que reverterão em dinheiro para a Igreja. Em geral, quem organiza a folia o fará por sete anos, cumprindo promessa. São duas as folias principais: folia de reis e folia do Divino. São mais comuns, mais animadas e fartas as folias rurais. À frente do grupo vai o alferes, que é quem dirige a folia, empunhando a bandeira do santo. A folia de reis gira do Natal ao dia dos Santos Reis (6 de janeiro). A bandeira não tem cor própria e traz a estampa do Menino Jesus ou a estrela guia com os reis magos. Estes são: Gaspar, Melchior e Baltazar. Os reis magos, que eram sábios, levaram os seus presentes ao Menino Jesus: ouro que representa a realeza, incenso, que representa a divindade, e mirra, uma resina transparente e amarga de uma planta árabe que serve para embalsamar corpos e, por isso, representa a longevidade, a paixão e o sofrimento. De fato, Jesus Cristo passou por tudo isso. Os membros da folia chamam-se foliões, e entre eles há os “palhaços”, com carta branca, vasculhando a casa, pois representam os soldados do rei Herodes, procurando o Menino Jesus. Quando a folia chega numa casa onde os seus moradores estão dormindo, os foliões cantam versos, como estes: “Senhor dono da casa, abre a porta, acenda a luz. Recebei os Santos Reis e o Menino Jesus”. Aberta a porta há o convite para o café e todos os membros da família beijam a bandeira, num ato de fé que se chama “beijamento”. A bandeira é levada a todos os cômodos da casa, abençoando-os. Ali são cantados os benditos. O dono da casa oferece o seu óbulo (esmola). A folia se retira, agradecendo a acolhida com versos próprios: “A bandeira se despede, vai no rumo de Belém. Adeus senhores e senhoras, até pro ano que vem”. O pouso é a parte principal, a mais interessante da folia. É quase sempre na sede de uma fazenda. Lá o proprietário com a sua família já estão esperando. A chegada da folia é recebida com uma salva de fogos. São foguetes, roqueiras, armas de fogo e bombas que fazem ensurdecer. Na frente da casa estão os arcos de bambu e bananeira, todos enfeitados, que é por onde passará a folia. Tudo o que encontram pela frente (obstáculo) merece versos de improviso, que são cantados pelo tirador da folia e respondidos pelos demais do grupo. Os obstáculos são imagens ou estampas de santos dependuradas nos arcos. Depois vão depositar a bandeira no altar improvisado, chamado lapinha e presépio, num dos cômodos da casa. Aí é cantado o hino de reis. Segue-se o jantar, já que a folia sempre chega à tarde, para o pouso. A mesa é farta de iguarias e bebidas. Primeiro são servidos os foliões, que têm por distintivo um lacinho de fita vermelha na lapela do paletó ou no bolsinho da camisa: é o crachá identificador. Há aí os coretos para as bebidas e o agradecimento de mesa. À noite segue a parte profana (não-religiosa), que é a dança da catira (Goiás e Minas Gerais) ou cateretê (São Paulo). A folia do Divino é em louvor ao Divino Espírito Santo. É girada de maio a junho. A bandeira é vermelha, com a figura de uma pomba branca ao centro. Afora os versos, tudo é idêntico à folia de reis.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Crônica - O Popular - 7 de maio de 2012

Moral da estória
Bariani Ortencio
Esta é uma fábula chula, sem malícia, contendo quatro ensinamentos capitais. E quando se aprende não importa o método, com ou sem malícia. 
     É a triste estória de um bentevi que saiu do gostoso clima tropical de Goiânia e voou para o inverno do Rio Grande do Sul, para reunir com os seus pais bentevis na Lagoa dos Patos.
    A narrativa começa com uma viagem de turismo que um casal gaúcho de bentevis fez ao Rio de Janeiro. Resolveram visitar novas capitais e se hospedaram numa galhada no Bosque dos Buritis, aqui em Goiânia. Gostaram do lugar e resolveram fazer o ninho para uma temporada e como comeram bastante do afrodisíaco piqui, a bentevi botou dois ovinhos, que resultaram em dois filhotes. Os pais precisavam regressar, pois deixaram o resto da família pelos bosques da Lagoa dos Patos. Assim que os pequerruchos deram conta de se-virar, depois de muitas recomendações, inclusive que os esperavam em casa, no Sul, partiram.
     Um dos filhotes arranjou uma namorada e não quis ir juntar-se à família. Mas o outro, jovem e robusto, espírito aventureiro, completamente empenado, com aquelas peninhas lindas dos bentevis, amarelas, azuis e negras, despediu-se do irmão e da cunhada e partiu, seguro, pois o rumo dos pássaros está a cargo do instinto.
    Mas ele não sabia que era inverno no Sul. Assim que entrou no Paraná as suas asas foram esfriando, esfriando, e não chegou a atravessar Santa Catarina, pois o peso do gelo nas asas o tombou numa pastagem de muitos bois e de muitas vacas.
     Caído, exausto, ali naquele chão frio, quando pensou que iria morrer congelado, uma bendita vaca deu-lhe uma tremenda estrumada, que o cobriu todo com aquela coisa fumacenta, quente, que lhe restituiu a vida, deixando-o com o biquinho de fora, respirando, todo contente. Ficou tão alegre que começou a cantar. E cantou tanto, e tão maviosamente cantava: hi-hi-him...him... bem te vi ! bem te vi!, que um enorme gato, um gato exótico, daqueles que não existem, de três cores, achou que alguém estava denunciando-o, ali no curral, perto de um poleiro de pombas, e resolveu procurar, saber onde se encontrava o denunciante.
     Remexendo o monte de estrume, achou o passarinho canoro, retirou-o de lá e o comeu. Sabe lá o que é uma carninha quentinha num frio desgraçado como é o frio do Sul?  
     Esta fábula, pois são nas fábulas que os animais falam, “apologamente”, têm quatro lições, quatro MORAL DA ESTÓRIA:
     Primeiro – Nem sempre aquele que nos põe na merda é nosso inimigo.
     Segundo – Nem sempre quem nos tira da merda é nosso amigo.
     Terceiro – Quando você se sentir quentinho e confortável, mesmo que seja num monte de merda, conserve bico calado.
    Quarto – Quem está na merda não canta.
     Macktub!